Burrhus Frederic Skinner, nasceu em 20 de março de 1920, na pequena cidade de Susquehanna, no Estado da Pennsylvania, Estados Unidos, foi professor em Harvard do ano de 1958 até 1974.
Segundo Vargas (2004), refinamentos do estudo da análise experimental do comportamento, continuam a serem feitas, mas a ciência Skinneriana, do efeito recíproco entre eventos contingentes e comportamento, se mantém tão solidamente no século 21, como aconteceu no século 20 quando B. F. Skinner fez suas primeiras descobertas. Ou seja, nenhuma objeção científica, conseguiu alterar como as contingências funcionam.
Coleman (1985), em seu artigo: ‘B. F. Skinner, 1926-1928: From Literature to Psychology’, explica, minuciosamente dentre outros fatos, que durante os dois anos que Skinner passou entre se formar em Literatura, no Hamilton College em junho de 1926 e se matricular em Harvard em setembro de 1928, se dividem facilmente.
Coleman (1985) relata que o período entre 1926-1928 foi reconhecido pelos biógrafos de Skinner, como Dark Year e que se dividiu em dois momentos. A primeira fase durou um ano e meio, ocasião em que Skinner permaneceu desde sua graduação em Literatura, até o início de janeiro de 1928, quase que inteiramente em Scranton-Pensilvânia. A partir de 1928, começou o segundo período com a partida de Skinner para Nova York, onde se inscreveu no Hamilton College em Clinton, voltado para novas experiências e influências em cenários bem diferentes de Scranton. Ao final da sua primeira fase Dark Year, em Scranton, Skinner fez sua “escolha pela psicologia”, que foi considerado um divisor em sua trajetória (Skinner, 1976, pp. 300-301).
Coleman (1985) informa, que ainda em 1927 Skinner começou a trabalhar como jardineiro paisagista (Skinner, 1976, pp.284-285), que durou pouco, pois uma reação alérgica à barberry resultou em sua aposentadoria prematura (Skinner, 1976, p. 285). Além disso, ele já havia contemplado algumas possibilidades de carreira bastante desesperadas como criação de galinhas, e construção de modelos de navios (Skinner, 1976, pp. 272, 283, 285).
Skinner ancorou sua escolha na psicologia ao ler um artigo de H. G. Wells na New York Times Sunday Magazine, de 13 de novembro de 1927 (Skinner, 1976, pp. 300-301). No artigo, Wells dizia: ”Quem tem feito a maior contribuição para a civilização, o dramaturgo inglês G. B. Shaw ou o fisiologista russo I. P. Pavlov?” Ao final das considerações, Wells deu seu voto a Pavlov. No artigo de Wells, não houve menção a Watson, e nem aos termos “behaviorismo” e “psicologia” (Coleman, 1985).
Coleman (1985) relata que Skinner tinha conhecimento dos nomes de Pavlov e Watson quando escolheu psicologia para estudos de pós-graduação no final do outono de 1927. O contato bibliográfico com Pavlov deu-se por meio das recomendações do confiável H. G. Wells e por um instrutor de biologia do Hamilton College, e no caso de Watson, a indicação veio de Bertrand Russell. Coleman (1985) alerta que nem no outono de 1927, quando Skinner decidiu sobre a psicologia como um campo de estudo, nem no outono de 1928, quando chegou a Harvard, ele era de todo um psicólogo ou um behaviorista.
Skinner, em seu artigo de 1978: The Experimental Analysis of Operant Behavior: A History, declara:
“Fui atraído para a psicologia e particularmente para o behaviorismo por alguns artigos que Bertrand Russell publicou em ‘The Dial’ na década de 1920 e que me levaram ao seu livro Philosophy (chamado na Inglaterra de ‘An Outline of Philosophy’), cuja primeira seção contém uma discussão mais sofisticada de várias questões epistemológicas levantadas pelo behaviorismo, muito além do que qualquer coisa de John B. Watson. Naturalmente, recorri ao próprio Watson, mas na época apenas ao seu Behaviorismo popular. Comprei ‘Conditioned Relfexes’ de Pavlov (1927), pouco depois de seu lançamento e, quando vim para Harvard para fazer pós-graduação em psicologia, 1928, fiz um curso que cobria não apenas o condicionamento reflexos, mas os reflexos posturais e locomotores de Magnus Korperstellumgs (fisiologista) e os reflexos espinhais relatados em: ‘Ação Integrativa do Sistema Nervoso’ de Sherrington. O curso foi ministrado por Hudson Hoagland no Departamento de Fisiologia Geral, cujo chefe, WJ Crozier, havia trabalhado com Jacques Loeb e estava estudando tropismos. Continuei a preferir o reflexo ao tropismo, mas aceitei a dedicação de Loeb e Crozier ao organismo como um todo e o desprezo deste pela “fisiologia dos órgãos” da faculdade de medicina. No entanto, no Departamento de Fisiologia da Faculdade de Medicina, mais tarde, trabalhei com Hallowell Davis e com Alexander Forbes, que estiveram na Inglaterra com Adrian e estava usando o miógrafo de fio-de-torção de Sherrington para estudar o controle reflexo do movimento. No final do meu primeiro ano em Harvard eu estava analisando o comportamento de um “organismo como um todo” sob condições, à prova de som como as descritas por Pavlov”.
Skinner (1976) informa: “Minha tese de doutorado era em parte uma análise operacional da sinapse de Sherrington, em que leis comportamentais substituiam supostos estados do sistema nervoso central. Porém a parte relevante da minha tese, era a experimental. Até onde entendo, eu simplesmente comecei a procurar por processos regulares, no comportamento do organismo intacto. Pavlov tinha mostrado o caminho; mas eu não podia então, como não posso agora, prosseguir sem sobressaltos, dos reflexos salivares para os assuntos importantes do organismo na vida cotidiana. Sherrington e Magnus tinham encontrado ordem em segmentos cirúrgicos do organismo. Não poderia ser encontrado algo semelhante, para usar a frase de Loeb, “organismo como um todo”? Tive a dica de Pavlov: “Controle suas condições e verá ordem“.
Referência Bibliográfica:
Coleman, S. R. (1985). B. F. Skinner, 1926–1928: From literature to psychology. The Behavior Analyst, 8(1), 77–92.
Vargas, J. S. (2004). A Daughters Retrospective of B. F. Skinner. The Spanish Journal of Psychology, vol. 7, núm. 2, noviembre, pp. 135-140, Universidad Complutense de Madrid España.
Skinner, B. F. (1976). Particulars of my life. New York: Knopf.
Skinner, B. F. (1998). The experimental analysis of operant behavior: A history. In R. W. Rieber & K. Salzinger (Eds.), Psychology: Theoretical-historical perspectives (2nd ed., pp. 289–299). American Psychological Association.
Como citar:
Teles, R. P. V. (2024). Skinner: a passagem. Projeto Contacto. Coleção Artigos. Goiânia.